Entrevista com o Dr. Baltazar Melo - Um dos criadores do DOM

Existem movimentos, em diversas partes do mundo, com foco na expansão da mente e dos valores humanos, levando as pessoas a refletirem de forma mais justa sobre suas maneiras de viver e suas condutas na sociedade. Reunir pessoas nesse modelo, muito tem contribuído para torná-las mais compreensivas sobre sua missão no mundo. O DOM é, no Brasil, um desses modelos que possuem importância relevante no processo de desenvolvimento humano. Sempre se falou em planejamento e programação. Planeja-se a viagem de férias, a estruturação de um negócio, a organização de uma empresa, a realização de um casamento, a compra de um carro novo ou da casa própria, etc. Curiosamente, porém, muito pouco ou quase nada se vê com relação a planejamentos ou projetos de vida. As pessoas acabam ficando naquela do “deixe a vida me levar...” Nossa proposta é exatamente no sentido de mudar esse quadro, despertando a consciência de que precisamos ser os verdadeiros protagonistas das nossas próprias vidas.

O que significa DOM e como surgiu?
Desenvolvimento e Orientação Mental é um treinamento voltado para o desenvolvimento de recursos e ferramentas dos quais todos nós, como seres humanos, dispomos e que raramente são desenvolvidos pela educação formal. Ao nascer, trazemos em nós a mais fantástica ferramenta jamais construída pelo ser humano: o CÉREBRO. Porém, a maior parte das pessoas não consegue perceber que, apesar de comandar todas as nossas funções, o cérebro não é capaz de distinguir o real do imaginário. Por exemplo: se simplesmente pensarmos em espremer na boca um limão bem azedo, imediatamente sentiremos o aumento da salivação. Apesar de se tratar de apenas imaginação, o cérebro, por não saber distinguir o real do imaginário, comanda imediatamente a produção de saliva. O DOM procura despertar nas pessoas essa consciência para que, a partir dela, passem a usar a imaginação como ferramenta de construção de algo que pode ser extremamente positivo. Esse é um potencial interior que todos nós temos e poucos o desenvolvem. Procuramos mostrar que é possível modular os nossos pensamentos usando a criatividade e construir uma realidade completamente diferente. Isso é possível reeducando a nossa maneira de elaborar os pensamentos e utilizar a criatividade. O DOM foi criado em 1986 por vários profissionais, todos de nível superior, convictos de que está ao alcance de qualquer ser humano optar por construir uma vida de melhor qualidade. Entre eles, podemos citar Baltazar Melo, Evandro Mota, Júlio Golin, Ernesto Mandelli, entre outros. Conseguir uma melhor gestão de nossas vidas é um dos principais objetivos do Treinamento. A cada ano, o ser humano tem aumentado, consideravelmente, a sua longevidade. O grande desafio então passa a ser: VIVER MAIS, PORÉM COM VIDA QUE TENHA QUALIDADE. Qualidade de vida muitos têm, mas vida de qualidade é outra história, não se pode garantir que alguém tenha...

Enfim, é difícil dizer o que SIGNIFICA alguma coisa, o DOM é um processo que PRECISA SER VIVENCIADO... não explicado...

O DOM fala de experiências que PRECISAM SER VIVENCIADAS, tendo em vista que as reações são individuais na sua forma e intensidade. Não é facilmente explicável...

E qual a diferença entre QUALIDADE DE VIDA e VIDA DE QUALIDADE?
Qualidade de Vida está diretamente relacionada ao TER: ter uma boa moradia, um bom meio de transporte, uma boa alimentação, uma boa condição econômica e financeira, etc. (isso é qualidade de vida), o que não garante, necessariamente, uma vida de qualidade. Uma pessoa pode ter muito em termos materiais e, no entanto, ser infeliz, triste, depressiva, doente, etc. Percebemos, então, que vida de qualidade tem muito mais a ver com o SER: ser feliz, ser alegre, estar em paz com a consciência, com as pessoas, com a vida, etc. Pode parecer um paradoxo, mas é a realidade, podemos encontrar pessoas com muito poucos bens materiais e, no entanto, serem felizes, alegres, de bem com a vida, com o mundo, com as pessoas e, principalmente, consigo mesmas. Isso é ter vida de qualidade.

Como surgiu o Seminário DOM?
O Seminário, que este ano completa 32 anos ininterruptos, surgiu de iniciativa dos Orientadores do DOM que tinham como propósito manter pesquisas no campo do desenvolvimento humano. Com esse objetivo, passaram a se encontrar anualmente para compartilhar os assuntos estudados e desenvolvidos por cada um.

E foi através de pessoas amigas e interessadas no assunto que surgiu uma proposta de ampliar aquele aprendizado a outras pessoas com o mesmo propósito de se auto-ajudar. Por que não compartilhar com todos os interessados? O questionamento foi prontamente atendido e, assim, nasceu o primeiro Seminário Nacional DOM, que tem sido um sucesso nos últimos 32 anos.

O que se pode aprender sendo participante desse evento?
O objetivo principal é apresentar aos participantes temas que levem a diferentes reflexões, ideias, bem como vivências e troca de conhecimentos que gerem crescimento pessoal. O propósito é possibilitar a todos os participantes uma oportunidade para se tornarem mais bem preparados para os desafios da vida, sem qualquer conotação religiosa ou mística. A Neurociência tem mostrado que o nosso cérebro funciona a partir de padrões que são construídos com base em referências. Se as referências são ruins, o resultado não será bom. Procuramos mostrar que, se uma pessoa cria, de forma voluntária, através de exercícios e reflexões, referências positivas de funcionamento fisiológico, por exemplo, o cérebro assimila e retorna com estímulos equilibrados, garantindo um melhor funcionamento. Com esse objetivo, temos apresentado palestrantes altamente conceituados, de diversas áreas, sem perder o foco na construção de uma vida de melhor qualidade. Houve época de uma forte tendência, principalmente no mundo acadêmico, de se associar essas práticas ao misticismo, empirismo, etc. No entanto, a neurociência e a física quântica estão fortalecendo, hoje, a percepção de que nada disso se relaciona ao misticismo. Trata-se de uma questão de reeducação da nossa forma de perceber o mundo e, principalmente, perceber melhor a nossa potencialidade, direcionando-a de forma correta para construir uma vida de maior qualidade. Somos o produto dos nossos próprios pensamentos. A grande novidade é que até 2020 teremos em todos os seminários um curso DOM completo, sem nenhum custo adicional, o que não tem ocorrido formalmente há quase 18 anos.

Pode-se classificá-lo também como um seminário com características de conhecimento aliado a turismo?
De certa forma, sim. Cerca de 50% dos participantes nos acompanham, ininterruptamente, há mais de 30 anos, gerando laços de amizade muito fortes. Para muitos desses participantes, essa é a única oportunidade de reencontrar os amigos e também de conhecer novos lugares, tornando o encontro ainda mais prazeroso. Sem perder o foco, temos procurado associar o Seminário a características de conhecimento aliado ao turismo e também a descanso e lazer. O próximo está programado para o período de 5 a 12 de agosto de 2018 em Araxá/MG, onde teremos, além das atividades e palestras, alguns passeios pela região.

Quais os planos dos organizadores para estes novos tempos?
A velocidade com que as mudanças estão ocorrendo, em todas as áreas, nos leva a selecionar e priorizar temas que proporcionem às pessoas a habilidade de se reinventar e aprender a viver de uma forma diferente. Não acreditamos em castigo nem em recompensas, acreditamos em consequências. O que muitas pessoas ainda não perceberam é que a vida é feita de escolhas, e que, ao fazer (ou não fazer) uma escolha, estamos, também, escolhendo as consequências.Assim, quanto mais cedo as pessoas se tornam conscientes desses aspectos, melhores serão as suas escolhas e, consequentemente, melhor a sua vida em termos de qualidade.

Quantas pessoas participam deste evento e de que parte do Brasil elas são?
No último seminário, apesar de toda a crise e as dificuldades que muitos estão enfrentando, tivemos mais de 300 pessoas presentes. Esse número tem oscilado entre 400 e 600 pessoas, que vêm de vários Estados, como, por exemplo, Bahia, Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, entre outros.

Qual é o histórico dos seminários já realizados e a quantidade média de palestras por evento?
Este ano teremos a 32ª edição, com cerca de 6 palestras e o curso DOM completo. Em média temos cerca de 8 a 10 palestras por seminário, com exercícios e técnicas de relaxamento e meditação, sempre com o propósito de despertar nas pessoas a consciência de que é possível ter uma vida de muito melhor qualidade quando se investe um pouco em exercícios de autodesenvolvimento.

Existe um tema foco central nesta atividade?
O foco central é sempre a busca de uma vida de melhor qualidade através de uma reeducação dos nossos pensamentos, atitudes e ações.

Suas considerações finais...
Independentemente da precisão dos números, não podemos negar que a expectativa de vida está aumentando a cada ano. Quer se queira ou não, vamos viver mais do que estava previsto no momento em que nascemos. O que não podemos ignorar é que tudo isso só faz sentido se tivermos uma LONGA VIDA DE QUALIDADE.

Apenas para provocar um pouco os leitores, apresentamos um pequeno trecho de matéria publicada por Marina Wentzel, de Basileia (Suíça) para a BBC Brasil, em 22 de janeiro de 2016:

 “Atualmente a expectativa de vida aumenta cerca de 3 meses por ano. Há quatro anos a expectativa média de vida era de 79 anos e agora é de 80 anos.

 Fazendo uma projeção, já se arrisca a dizer que, ao redor de 2036, haverá um aumento de mais de um ano de vida por cada ano vivido.

 Teremos companhias que irão construir um aparelho médico (chamado Tricorder na série Star Trek) que trabalha com o seu telefone celular, fazendo o escaneamento da sua retina, testando amostras de sangue e analisando a sua respiração (bafômetro). Ele então analisa 54 bio-marcadores que identificarão praticamente qualquer doença. Vai ser barato, de tal forma que em poucos anos cada pessoa deste planeta terá acesso à medicina de padrão mundial praticamente de graça.

 Com o WATSON, da IBM, você pode conseguir um aconselhamento legal (por enquanto em assuntos mais ou menos básicos) dentro de segundos, com 90% de exatidão se comparado com os 70% de exatidão quando feito por humanos. Por isso, se você está estudando Direito, PARE imediatamente. Haverá 90% menos advogados no futuro, apenas especialistas permanecerão”.

Essa é apenas uma pequena amostra que nos faz pensar que o nosso futuro terá que ser reinventado.

Viver e não apenas existir – viver e ser feliz. Esse é um objetivo comum a todos nós, mas inúmeras pessoas não vivem, apenas existem, apenas suportam suas vidas. Muitas dessas pessoas têm tudo – não lhes faltam saúde, educação, amigos, oportunidades, etc., mas elas não percebem e continuam apenas existindo. E vão “levando a vida”. Muitas outras pessoas arrastam-se confusamente pela vida se perguntando por que as coisas nunca melhoram para elas. Esses dois tipos de pessoas são fáceis de serem encontradas e são exemplos vivos do desconhecimento sobre como usar mais e melhor o potencial humano interior.

O DOM tem exatamente este propósito: mostrar que cada um é capaz de fazer muito mais do que acredita ser possível.

Desde crianças fomos condicionados a colocar toda a nossa atenção para fora de nós, para o mundo exterior. Essa é uma das razões que justificam o fato de que a maioria dos seres humanos funciona muito abaixo de suas reais condições. Raramente recebemos uma orientação adequada de como utilizar a dimensão mais importante de todas – a nossa dimensão interior.

Para preencher essa lacuna, várias disciplinas e correntes filosóficas foram aparecendo, ao longo dos anos, numa tentativa de buscar uma utilização mais apropriada para a nossa capacidade mental.

Na década de 30, o psiquiatra alemão Dr. Johanes Schultz, com seu treinamento autógeno; em 1936, entrou em cena o médico Edmundo Jacobson, criador do atual conceito de relaxamento; de 1944 a 1966, José Silva desenvolveu e lançou o Método Silva de Controle Mental. Também se destacaram Earl Nightingale; Emile Coué; ZigZiglar e Paul Reilly; o psiquiatra austríaco Dr. Hans Berger; o Dr. Bruno First; Dale Carnegie; o psicólogo William James; o hipnoanalista Dr. Milton Erickson; Dr. J. B. Rhine, Dr. Elmer Green, Dr. Herbert Benson, etc., apenas para citar alguns.

Outras centenas de pessoas deram suas contribuições na forma de livros para despertar o interesse e um maior conhecimento de utilização do nosso mundo interior: Og Mandino, Joseph Murphy, Napoleon Hill, Harold Sherman, Richard Bach, Paulo Coelho, etc. Nomes e obras contemporâneos Bob Proctor - Você Nasceu Rico; Bruce Lipton - A Biologia da Crença; Gregg Braden - A Matriz Divina; Deepak Chopra - A Cura Quântica; Wayne Dyer - Seus Pontos Fracos; Eckhart Tolle - O Poder do Agora.

O que será que essas pessoas têm em comum?

Além de terem desenvolvido a habilidade de usar melhor a dimensão interior, elas tiveram o desejo intenso de compartilhar com as outras pessoas as suas experiências bem-sucedidas de utilização adequada de algo que é um privilégio de todos os seres humanos.

A neurociência, que hoje está em evidência no mundo, mostra que não é mágica, misticismo ou mesmo privilégio de poucos. É científico e qualquer pessoa pode, com um mínimo de treinamento, ampliar em muito as suas potencialidades.

Os nomes mudam, mas todos apontam na mesma direção. A neuroplasticidade mostra hoje, de maneira brilhante, o que somos capazes de fazer para viver uma vida com muito mais qualidade, principalmente com mais saúde física e mental.

É notória a necessidade de se desenvolver uma nova maneira de viver. Uma nova maneira de perceber o mundo – administrando as características pessoais, reavaliando conceitos e desenvolvendo virtudes individuais.

Este é o ponto de partida para uma vida mais plena de saúde, de alegrias e de concretização de sonhos. Duas características têm sido denominadores comuns entre as pessoas que estão sabendo gerenciar com competência as suas vidas nos dias atuais. A primeira é a capacidade para desenvolver estratégias pessoais para lidar com situações difíceis. Elas não se abatem facilmente e continuam perseverando onde a maioria desiste. A segunda característica é a utilização de alguns artifícios mentais que as ajudam a manter o equilíbrio e a superar obstáculos. Elas têm uma das habilidades mais admiradas atualmente: conseguem apresentar resultados positivos independentemente de estarem vivendo sob pressão.